Vi as águas os cabos vi as ilhas E o longo baloiçar dos coqueirais Vi lagunas azuis como safiras Rápidas aves furtivos animais Vi prodígios espantos maravilhas Vi homens nus bailando nos areais E ouvi o fundo som das suas falas Que já nenhum de nós entendeu mais Vi ferros e vi setas e vi lanças Oiro também à flor das ondas finas E o diverso fulgor de outros metais Vi pérolas e conchas e corais Desertos fontes trémulas campinas Vi o frescor das coisas naturais Só do Preste João não vi sinais As ordens que levava não cumpri E assim contando tudo quanto vi Não sei se tudo errei ou descobri Sophia de Mello Breyner Andresen
Blogue da Biblioteca da Escola Secundária de S. Lourenço, Portalegre.