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Artes, Ciências e Humanidades

Nasce o primeiro curso que combina Artes, Ciências e Humanidades


Tal como acontece nas melhores escolas do mundo, a partir de 2010/2011 a Universidade de Lisboa vai ter um sistema de majors e minors nas mais diversas áreas.

Para ajudar as suas escolhas, cada aluno t

Estudos Gerais é o nome da nova licenciatura que no próximo ano lectivo estará entre o leque de cursos oferecidos pela Universidade de Lisboa (UL). Pela primeira vez, haverá uma licenciatura que combina Humanidades, Ciências e Belas-Artes, à semelhança do que acontece nas 20 melhores universidades do mundo (www.arwu.org). O i apresenta-lhe, em exclusivo, esta licenciatura inovadora que vai permitir aos alunos serem capazes de perceber e estudar coisas diferentes, do Big Bang a Homero. Basicamente, todas as cadeiras desta nova licenciatura são opcionais, mas os alunos poderão optar por um de entre os 23 majors existentes e combiná-los com 43 minors .

Miguel Tamen, professor da faculdade de Letras, define a licenciatura em Estudos Gerais como um "um curso para alunos que se interessam pelas mais variadas coisas".

"Esta licenciatura permite combinar coisas que até agora não eram possíveis no mesmo curso. Não havia nenhum em Portugal que permitisse combinar química e expressão plástica", esclarece ao i o professor universitário. Na prática, quando um estudante termina a sua licenciatura em Estudos Gerais, em vez de ser licenciado numa área pode ser licenciado em duas ou mais áreas.

Estrutura Os estudantes da licenciatura em Estudos Gerais terão um tronco comum de disciplinas composto por 60 créditos, num total de 180. Para fazer um major são necessários 60 créditos e para um minor são necessários 30. Há ainda 60 créditos para se realizarem cadeiras opcionais.

Todas as cadeiras já existem, nas faculdades de Letras, Ciências e Belas-Artes da UL, mesmo as do tronco comum. A única excepção são as cadeiras chamadas "Textos Fundamentais", que serão criadas de raiz e que vão permitir aos estudantes ler textos das mais diversas áreas do saber. Por exemplo, na cadeira de "Textos Fundamentais: Da Renascença ao Iluminismo", os alunos vão poder ler Galileu, Hobbes, Ariosto, Vasari, Voltaire, Newton ou Kant. Esta cadeira vai ainda ter especialistas a falar em conferências sobre estas obras e grupos de discussão durante a semana. No tronco comum também haverá um requisito de línguas, a qual os alunos poderão escolher de entre as mais de dez oferecidas, desde o Inglês ao Japonês.

Pode parecer uma excentricidade, mas esta grande variedade de disciplinas só pode trazervantagens. Um aluno poderá sempre inflectir o seu currículo para satisfazer os requisitos domestrado, doutoramento ou profissão que pretende seguir.

Para ajudar as suas escolhas, cada aluno terá um tutor que o ajudará ao longo do curso. E há mais vantagens, defende Miguel Tamen: "Se a meio da licenciatura o aluno decide que quer fazer um mestrado em Bioquímica, mas que até então fez poucas cadeiras ou nenhuma nessa área tem um bom remédio, que é fazer muitas cadeiras em Bioquímica" porque a licenciatura em Estudos Gerais, ao contrário das outras, permite-o.

O professor universitário afirma ainda que "o que uma universidade tem de fazer nas suas licenciaturas é preparar os seus graduados para saber várias coisas, relacionar várias coisas, pensar em vários problemas e ajudá-los a ter ideias. Mais do que fazer pequenos especialistas que aos 22 anos só podem ser especialistas fraudulentos." Para se entrar no curso basta ter feito Português (A ou B) no Ensino Secundário. A licenciatura em Estudos Gerais terá, em princípio, em 2010/11, um numerus clausus de 35.

Saídas profissionais Quando se pensa em cursos universitários costuma pensar-se em emprego. O curso de Estudos Gerais não é excepção. Neste caso, porém, a forma de pensar a empregabilidade distingue-se da tradicional, como esclarece Miguel Tamen: "A versão oficial é a de que a natureza de um curso determina a natureza de um emprego. Uma pessoa com um certo curso vai fazer aquela coisa. Isso é absolutamente falso por diversas razões: primeiro porque com alterações sociológicas, históricas e económicas importantes é cada vez mais provável que uma pessoa ao longo da vida venha a fazer muitas coisas diferentes. Em segundo lugar, cada vez mais a formação específica para a realização de uma actividade é dada no contexto do sítio em que as pessoas trabalham e não no contexto do sítio em que as pessoas estudaram. A terceira razão, talvez mais importante ainda, é a de que não é possível - tirando casos como a medicina - dar formação profissional numa licenciatura, pelo menos no sentido tradicional de formação profissional."

Ensino liberal A ideia de criar este sistema é muito antiga. "Esta é a ideia mais antiga da história da Universidade, é a ideia das chamadas Artes Liberais", diz Miguel Tamen. Entretanto, no caso específico da UL, "houve várias pessoas que hoje trabalham nesta universidade e que foram educadas em sistemas em que esta é a regra e outras que não foram assim educadas mas que defendem este sistema, e que decidiram avançar com o projecto". Assim, a ideia partiu das intenções de várias pessoas das faculdades de Letras, Ciências e Belas-Artes, bem como do próprio Reitor.

"As 20 melhores universidades do mundo têm todas este sistema. E a Europa, que foi mais resistente a estas ideias, está a ver aparecer muitas experiências deste género em muitas universidades, numa série de sítios", realça Miguel Tamen.

A UL pretende alargar a médio prazo este sistema a todas as outras áreas, da Economia ao Direito, passando pela Psicologia e, quem sabe, a Medicina.

Tiago Guerreiro da Silva, Publicado em 08 de Março de 201, ionline.pt


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