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Reflexões sobre a crise II

A crise e os seus desafios de mudança para a empresa

Encontramo-nos hoje a viver uma das que muitos especialistas consideram como a pior crise desde a Grande Depressão. Não obstante, uma crise deve ser encarada não mais apenas como um momento de importante transformação do mundo económico, repleto de novos desafios e rupturas mas, sobretudo, de oportunidades únicas para a mudança e o desenvolvimento.

Depois da recuperação e da retoma económica, nada mais será como dantes. Estaremos perante uma economia transformada, onde os mais fortes prevaleceram e os menos fortes fracassaram. Dessa forma se nos revelarão os efeitos mais perversos e cruéis da destruição criadora que aniquila aquilo que os mercados rejeitam e semeia um mercado mais forte e exigente. Este é o momento de agir e dele sairemos mais fortes se tivermos a audácia e a coragem para tomarmos decisões assumidamente arriscadas.

É tempo de fazer opções

A empresa, enquanto agente económico do qual se exige uma responsabilidade acrescida, ao ser marcada pelos efeitos denotativos de uma transformação económica, pode optar por vários rumos que ditarão a sua continuidade – ou não – no mercado.

Num quadro degradado, económica e financeiramente irreversível, a empresa optará por abrir falência, enviando os seus trabalhadores para as fileiras do desemprego. Todavia, é importante reflectir sobre as consequências de uma reacção a curto ou a longo prazo. Abrir falência a longo prazo terá como principal consequência a forte pressão exercida sobre a estrutura económico-financeira durante o período de recessão, podendo condicionar, e até mesmo comprometer, eventuais remunerações e indemnizações do factor trabalho.

Ao verificar que os seus produtos e o custo médio de produção a eles associados deixaram de ter a competitividade suficiente para se demarcarem positivamente dos seus concorrentes, a empresa poderá, ao invés, procurar a existência de nichos de mercado, assumindo um papel importante para a inovação, para a introdução de novos produtos no mercado, aumentando a sua vantagem competitiva, numa atitude pró-activa.

Aos rumos acima estará sempre implícito o pragmatismo que é exigido na escolha de uma das opções, isto é, a necessidade de adoptar medidas urgentes, ainda que contestadas, a fim de solucionar um problema.

Certo é que, manter o mesmo rumo, desde logo condenado, é o mesmo que declarar o estado de óbito de uma empresa, levando-a à rotura irreversível.

Novas Oportunidades

Especialmente numa fase de mudança profunda como a actual, surgem oportunidades únicas no ramo empresarial determinadas pelas políticas públicas de estímulo à economia. Os factores de produção tendem a deslocar-se para onde surgirem as melhores oportunidades e, por isso, é importante, para a empresa, garantir bons estímulos económicos de forma a evitar a deslocalização para o exterior.

Durante uma transformação económica maior surge, por isso, a necessidade de reajustar os objectivos de uma empresa, sendo, por vezes, necessário o desenvolvimento de um plano de recuperação estratégica.

Pragmatismo e responsabilidade

A contestação e a oposição a esses planos, por razões doutrinárias, podem levar à rejeição de eventuais propostas que permitam a recuperação da empresa. Portanto, em momentos como o que hoje vivenciamos é especialmente exigida a responsabilidade e a consciência de todos os agentes económicos para a tomada de decisões difíceis e que implicam um elevado risco.

A Economia é uma ciência social em constante reconstrução por determinação dos ciclos de mudança e de transformação da realidade. A economia é uma parte de cada um de nós. Cabe-nos, por isso, retirar aquilo que de mais consistente nos pode dar a Ciência Económica e assumir uma postura pragmática quando nos surgem alertas de mudança para que possamos sair mais fortes de uma recessão – é este o desafio para que estamos convocados.

Carlos Raimundo, 11º ano, ESSL

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