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Comércio tradicional de Portalegre? Que futuro?

Como salvar o comércio tradicional de Portalegre?

As sucessivas transformações sentidas na nossa economia constituem um ponto de viragem nos modelos económicos e tornam iminente a necessidade de reajustar qualquer modelo de negócio sustentando-o para o futuro. A transformação do sector do comércio tradicional não deve ser encarada com um comportamento conservador ou de pacificidade, nem tampouco com o desenvolvimento de estratégias que vão contra um facto imutável ou que sustentem modelos pouco competitivos, o que se traduz num desperdício de recursos.

Encarar a ameaça como oportunidade

À semelhança do restante panorama nacional, o comércio tradicional de Portalegre encontra-se imerso numa crise e a inauguração de um número considerável de superfícies comerciais num curto espaço de tempo aliado ao sobranceiro início da construção do City Shopping de Portalegre tem vindo a ser motivo de contestação por parte dos pequenos comerciantes. Todavia, o argumento de protecção do comércio tradicional não pode ser pretexto para a deslocalização de projectos que são uma mais-valia para o desenvolvimento local.

A construção de uma nova superfície comercial junto ao IP2, desta vez sob a insígnia de City Shopping de Portalegre, constitui um investimento inovador e dinamizador para a região e que dará aos consumidores acesso a uma variedade de novos produtos e serviços. Contrariamente ao sentimento derrotista que invadiu os pequenos comerciantes, este novo projecto não tem de ser encarado como uma ameaça mas sim como uma oportunidade de crescimento. Dado que este é um projecto cujo raio de abrangência permite atrair e mobilizar população dos arredores, o comércio tradicional deve aproveitar este facto para fortalecer a sua presença no comércio local.

Concertação de meios e vontades

A mobilização da comunidade local é um dado importante para modernizar o comércio tradicional. Por um lado, e não obstante o relativo envelhecimento da classe empresarial da Rua do Comércio, os pequenos comerciantes devem procurar formas inovadoras no sentido da alteração dos seus modelos de negócio. A obtenção de vantagens competitivas através da especialização em produtos e serviços que se distingam positivamente daqueles que são oferecidos pelas grandes superfícies comerciais é uma aposta que pode ser ganha por uma maior proximidade aos consumidores.

À Associação Comercial de Portalegre cumpre um papel preponderante no desenvolvimento de projectos e acções que promovam a atractividade do comércio tradicional local. No que se refere, nomeadamente, à flexibilidade horária dos pequenos estabelecimentos, existirá alguma inconformidade face aos interesses dos consumidores que mereceria ser ponderada.

Também a ausência de condições que facilitem o acesso fácil aos estabelecimentos de comércio tradicional constitui outro constrangimento para o sector. Se o acesso ao comércio tradicional se encontrar condicionado pela dificuldade dos seus itinerários, o custo de oportunidade do consumidor que optará pelo City Shopping é diminuto. Desta forma, a autarquia deve concentrar meios que favoreçam a acessibilidade à Rua do Comércio.

Em suma, é urgente esboçar uma estratégia de concertação no sentido de sustentar a conjugação de interesses dos vários elementos da comunidade local com vista à revitalização da zona histórica de Portalegre tanto mais que, também por exemplos felizes recentes que encontramos em diversos centros urbanos, o desaparecimento do pequeno comércio independente não é uma fatalidade.

Carlos Raimundo

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