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IMPRESSIONISMO

 

Iniciei a viagem. Passei pela porta laranja e transparente, uma entre tantas outras, e desloquei-me para o ponto de encontro. Os corredores, vazios e monótonos, cobriam-me antes de chegar à entrada. Até àquele momento tudo se encontrava em silêncio. As vozes encheram a escola, tornaram-na viva. Só faltava o sino de bronze ecoar. Encontrava-se esquecido e imóvel. Em tempos anteriores, teria sido usado diariamente, admirado e, talvez, odiado. Agora, quase morto e perdido no tempo, não vive, não se mexe, não marca a vida daqueles que passam por ele.

Lá fora, tudo parecia estar parado. O céu renasceu, o Sol brilha intensamente. Vêem-se andorinhas e outras aves. Vêem-se árvores e ervas. E, no meio do céu azul, vive um cataventos. Este ainda vive. O vento não se esqueceu dele. Preto e feito de ferro permanece em cima duma chaminé branca e amarela. Em cima de uma seta, observa-se um porco e um camponês, debaixo da suposta sombra da oliveira. Tudo próprio do Alentejo.

Tocava, naquele instante, na calçada que marcava o jardim. Um local mágico. Um mundo visitado por portalegrenses e estrangeiros. Anteriormente, vermelho e branco. Anteriormente, conhecido pelo seu lago. Agora, tudo desapareceu. A magia e o mistério dissiparam-se…. Destruído e aniquilado. Oposição entre a Natureza e a cidade. É o jardim de Portalegre.

Perto dele, encontrei o antigo mosteiro. Edifício histórico acompanhado pela estátua de D. João III. Moderno também, tal como o jardim. Monótono, tal como os corredores. A sua entrada marca o seu passado, como Mosteiro de São Bernardo. Único símbolo exterior antigo, mas não envelhecido. O caminho terminou e começou a aventura.

O contraste com o novo e o velho estava bem presente naquela ampla sala. Energias renováveis significavam Futuro, tecto e janelas o Passado. Eram bem visíveis as tecnologias. Computador, projector, brinquedos movidos a luz solar e objectos produtores de energia eléctrica. Imaginava-me no corpo de outra pessoa. Viajava ao longo do tempo. Outras pessoas, outros costumes, outras tecnologias. Tudo naquele espaço era o imaginável e o irreal para esses seres. No Presente, tudo se concretiza.

A pedra esculpida ao longo das janelas, fria e renovada permitia a entrada de luz solar. Autorizava o caminho dos raios de sol para iluminarem os posters da exposição. Seria de admirar que tal não acontecesse. Gélida, impotente… Quente ou viva, a pedra continuará naquela sala para alumiar aqueles que a visitem.

Afinal, o tempo não parou. Quinze horas e cinquenta minutos. Mais de meia hora passou desde o início da minha viagem. São horas de me deslocar ao meu lar. É o momento de realizar mais uma vez o trajecto. Encontro crianças. Encontro árvores. Encontro elementos naturais. A distracção leva-me a pisar frutos caídos no chão. Amoras, doces e benéficas, tratadas como bichos. Fruta saborosa que tornou as minhas sandálias peganhentas. É o contacto entre o Homem e a Natureza.

Ana Catarina Carrapiço e Oliveira (14.05.2011)

Nº1 – 11ºD

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